Projeto coordenado pelo prof. Marcio Tavares d'Amaral e vinculado ao IDEA - Programa de Estudos Avançados/ECO-UFRJ

Os Assassinos do Sol: uma história dos paradigmas filosóficos (Os gregos)

Segundo da série de nove livros baseados nas aulas do Curso Comunicação e História do Pensamento, oferecido pelo prof. Marcio Tavares d´Amaral na Pós-ECO/UFRJ desde 2002, e nas propostas do Projeto História Filosofia Religião: Interfaces, sob sua coordenação. O Volume 2 - Os gregos (ao lado) foi editado e publicado em 2016 pela Editora UFRJ.

Resumo da obra Os Assassinos do Sol (Volume 2 - Os gregos)

"Naturalmente é preciso explicar ao leitor por que uma história da filosofia começou a ser contada seis séculos depois da fundação oficial desse modo de estar no mundo que a filosofia é, e neste sentido é todo grego. Reponho as hipóteses que me levaram a começar minha narrativa no momento do encontro das fontes grega e judaica.

Formulo uma hipótese: Sócrates é de fato o fundador da filosofia (a referência agora é “o dia da morte de Sócrates”) porque realizou uma torção no pensamento anterior, não uma torção estritamente filosófica, de escola, mas derivada do fato de que o deus não mente. E Apolo teria mentido ao afirmar que o ignorante Sócrates era o mais sábio dos gregos. Todo o trabalho da filosofia seria então compreender como é possível que o deus esteja em causa. Estou lastreando essa hipótese em referências a fragmentos de Heráclito, e por esse caminho chego à “manhã de Tales”, em que pela primeira vez algo como a filosofia brilhou intensamente. O primeiro paradigma filosófico, grego, está na tensão entre a manhã de Tales e o dia da morte de Sócrates. Como foi Sócrates que torceu internamente esse paradigma (porque o deus não pode mentir), dos dois começos dele foi o de Sócrates que permaneceu na história que se conta.

E desse modo retomo o pensamento pré-socrático sem dá-lo como originário no sentido absoluto de Heidegger, e tirar das costas de Sócrates a responsabilidade de ter fracassado em relação aos pré-socráticos por causa do combate que precisou fazer aos sofistas, e também a “culpa” de ter-se simplesmente “esquecido” do Ser. Ponho esses dois momentos em conexão direta, com os sofistas de permeio. E aí, Platão, Aristóteles, as escolas socráticas menores, o estoicismo, etc., até os neo-platônicos e gnósticos, por onde uma proximidade com a cultura judaica pode se desenhar (e que já foi vista no início do volume da Patrística)."

Resumo da série Os Assassinos do Sol

"Os Assassinos do Sol é o título geral de uma história particular dos paradigmas filosóficos ocidentais. O título é uma metáfora para o Ocidente, terra onde o sol se põe (Abendland). É uma metáfora, mas espero que possa dar conta do momento tortuoso em que vivemos, em que se diz que a História acabou. A obra completa não será uma história da filosofia nos moldes tradicionais, destacando autores e escolas em ordem cronológica, mas traçará os momentos de constituição e surgimento de ideias demarcadoras do pensamento na civilização ocidental, que vão desde o século VI a.C até os dias de hoje (não precisamente nessa ordem). Cada volume virá com o período correspondente abaixo do título geral, a saber: Patrística, Gregos, Escolástica, Renascimento, Kant, Hegel, Kierkegaard e Schopenhauer, e Nietzsche" (Marcio Tavares d´Amaral, 2015).

Entrevista com Marcio Tavares d´Amaral sobre Os Assassinos do Sol, nO Globo, aqui.